Primeira Guerra Mundial - Brasil na Grande Guerra

 

O Brasil na Primeira Guerra Mundial

(1917-1918)

 

A Árdua Luta pela Neutralidade:


O presidente Wenceslau Braz assinando a declaração de guerra contra a Alemanha.
 
 
Desde que a guerra começou na Europa, o Brasil imediatamente se declarou neutro, pois fazia comércio com todas as nações européias que lutavam entre si. Mas, isso não impediu que a guerra atingisse o Brasil de forma indireta. Por causa da guerra submarina irrestrita que os alemães estavam promovendo pelo Atlântico, com o intuito de sufocar a Inglaterra e tira-la da guerra,  alguns navios brasileiros acabaram sendo vítimas desses ataques submersos. De 1915 até 1917, o Brasil perdeu cinco navios cargueiros por ataques submarinos alemães. Esses ataques acabaram provocando uma revolta populacional violenta contra o Império Alemão. Descendentes de alemães, que viviam principamente no sul do Brasil, sofreram perseguições e até prisões por serem suspeitos de sabotagem. Mas, até Outubro de 1917, o governo brasileiro tentou ignorar os ataques alemães contra seus navios e sufocou a maioria das revoltas populares. Porém, depois de muita pressão do congresso nacional, o presidente Wenceslau Braz assinou em 26/10/1917 a declaração de guerra do Brasil contra o Império Alemão e seus aliados. Era o momento da verdade: o Brasil estava pronto ou não para participar de uma guerra moderna e revolucionária? Só os eventos seguintes é que responderiam essa pergunta.
 
 
 

As Missões Militares Brasileiras na França:


Membros da Missão Médica Militar Brasileira que participaram ativamente durante o último ano da Grande Guerra na França.
 

O Exército Brasileiro estava totalmente despreparado para uma guerra tão avançada na tecnologia e nas táticas de combate que não tinha condições militares de ser enviado para a Europa. Porém, isso não impediu o governo de enviar várias missões militares para aprender sobre essas novas táticas e armas dessa guerra nova e diferente. Uma missão foi feita por homens da marinha brasileira que foram enviados para saber usar a mais nova máquina de guerra da História: o avião. Todos receberam treinamento pela RAF (Força Aérea Real Britânica), mas nenhum participou dos combates aéreos da guerra. Após a guerra, esses homens da marinha seriam responsáveis pela criação da Força Aérea Brasileira.
 
Outra missão militar envolveu 25 oficiais do exército que foram enviados para aprender as novas armas e táticas de combate que os europeus utilizavam. Somente 8 desses oficiais participaram da luta na Frente Ocidental e um deles foi essencial em trazer o tanque de guerra para nossas terras após o fim do conflito.
 
Mas, a maior e mais importante missão que Brasil fez foi a Missão Médica Militar Brasileira (MMMB). Formada por pelo menos 50 membros da saúde e alguns soldados, a MMMB foi essencial em salvar milhares de soldados feridos e doentes da Frente Ocidental. A missão se estabeleceu num prédio localizado no centro de Paris e lá transformou o local num dos melhores hospitais de campanha de toda Paris. Mesmo após o fim da guerra, a MMMB ficou mais alguns meses tratando das milhares de pessoas que estavam sofrendo com a epidemia da Gripe Espanhola pela Europa. Meses depois, a MMMB voltou ao Brasil e acabou sendo dissolvida. Muitos de seus membros seriam responsáveis por melhorar a qualidade dos hospitais brasileiros e trazer novas formas de medicina para ajudar a população local.
 
 
 

A Missão Militar Naval Brasileira - Uma Operação Catastrófica:


Um navio de guerra brasileiro partindo para a missão naval na Europa.

 
O envio de médicos e oficiais não foi a única coisa que o Brasil fez. Por causa dos ataques de U-Boats pelo Atlântico, o governo brasileiro também despachou uma frota de cruzadores, destroieres, um carvoeiro e um rebocador, para ajudar no combate contra esses submarinos no Atlântico Sul e no litoral da África. Conhecido como a Divisão Naval de Operações (ou DNOG), essa força naval deixou o Rio de Janeiro em 1918 e iniciou uma longa travessia pelo Atlântico até a África, onde se juntaria a uma força naval aliada, que estava indo combater submarinos alemães no Mediterrâneo. A viagem foi tensa e difícil. A maioria dos navios brasileiros ainda utilizava carvão e o reabastecimento era lento e perigoso. A sorte foi que não havia nenhum submarino alemão nessas águas. Após essa viagem, a DNOG chegou ao continente africano e aportou no porto francês de Dacar. Lá, os brasileiros se tornariam as mais recentes vítimas da contagiante gripe espanhola, que já estava se espalhando pela região e matando milhares de pessoas. A força naval iria perder 160 homens por causa da gripe e metade da frota ficaria em quarentena até 1919. Os navios restantes partiram para o Mediterrâneo, mas quando finalmente chegaram ao local de conflito em novembro de 1918, a guerra já havia terminado. Essa força naval ficaria em serviço no Mediterrâneo até Junho de 1919 quando retornaria ao Brasil e seria dissolvida. Com isso terminava a participação brasileira na Primeira Guerra Mundial.
 
 

Curiosidades:

  • O DNOG só teve um único combate naval contra um submarino alemão, no litoral da África. Mesmo danificando o submarino, este escaparia e ainda danificaria dois navios do DNOG.
 
  • Quando o DNOG estava atravessando o Atlântico, um bizarro incidente aconteceu. Marinheiros de um dos navios avistaram uma sombra no meio das ondas e acreditavam que era um submarino alemão. Todos os navios de guerra da frota dispararam contra a sombra, mas acabaram descobrindo que era só um cadurme de peixes!
 

Bibliografia:

  • Daróz, Carlos. O Brasil na Primeira Guerra Mundial - A Longa Travessia, Ed. Contexto, São Paulo, SP, 2016.


 




 



 



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