Segunda Guerra Mundial - Polônia
A Campanha da Polônia
(1 de Setembro - 6 de Outubro, 1939)
Setas Vermelhas (Ataques Alemães); Setas Marrons (Ataques Eslovacos); Setas Verdes (Ataques Soviéticos); Áreas Azuis (Exércitos Poloneses); Seta Azul (Contra-ataque Polonês).
Facções: Alemanha, URSS, e Eslováquia (Fedor von Bock) x Polônia (Edward Rydz-Smigly).
Forças: Alemães: 1.500.000 soldados, 9.000 canhões, 2.750 tanques e 2.315 aviões; Eslováquia: 51.300 soldados; URSS: 466.500 soldados, 4.960 canhões, 4.740 tanques e 3.300 aviões x Polônia: 1.000.000 soldados, 4.300 canhões, 210 tanques, 670 carros blindados e 400 aviões.
Perdas: Alemanha: 46.000 mortos e feridos, 236 tanques destruídos e 246 aviões perdidos; Eslováquia: 151 mortos e feridos; URSS: 5.300 mortos e feridos e 43 tanques destruídos x Polônia: 199.700 mortos e feridos, 690.000 capturados, 132 tanques e carros blindados destruídos e 327 aviões perdidos.
Resultado: Vitória Alemã/Soviética; Polônia dividida entre alemães e soviéticos.
As Provocações Alemãs na Fronteira
Soldados alemães derrubam uma barreira de fronteira polonesa.
Após a Polônia negar entregar a cidade alemã de Dantzig, Hitler ordenou a mobilização de metade de seu exército para a invasão da Polônia. Mas, muitos dos generais alemães foram contra o início das hostilidades, pois as tropas alemãs ainda estavam em treinamento, tinham pouca experiência em combate e seus veículos e equipamentos eram poucos. Hitler não queria saber e ordenou o início da invasão para o dia 26 de Agosto. Porém, muitas unidades alemães iriam demorar para se posicionar na fronteira e isso fez Hitler paralizar a invasão até o dia 1 de Setembro. Entretanto, algumas unidades de reconhecimento alemãs não receberam o comunicado de Hitler e adentraram a fronteira polonesa em 26 de Agosto. Essas unidades acabaram sendo importantes para causar confusão e caos no comando militar polonês. Alguns alemães capturaram uma via ferroviária e um túnel que levava para Jablonka. Outros fizeram atos de sabotagem e destruíram galpões de munição e depósitos de combustível, enfraquecendo a logística polonesa antes da invasão começar.
Vendo que uma invasão era inevitável, o comando polonês ordenou que sua flotilha de destróieres fugisse para a Inglaterra. Essa unidade naval obedeceu à ordem e fugiu com sucesso em 30 de Agosto. Em 31 de Agosto, o comando polonês ordenou o início da mobilização de todos os seus éxércitos. Porém, as ordens demoraram para alcançar todas as tropas e algumas só começaram a avançar para a fronteira durante a invasão alemã.
Nesse mesmo dia, Hitler lançou a Operação Himmler, uma tropa da SS, usando uniformes poloneses, atacou uma estação de rádio alemã em Gleiwitz e declarou que a Polônia estava pronta para invadir a Alemanha. Mas, o tal ato, mesmo que tenha enganado a população alemã, não enganou o resto do mundo que decidiu segurar o fôlego para o que estava prestes a acontecer.
A Invasão Alemã
Tanques e veículos alemães adentram a Polônia.
Em 1 de Setembro, os alemães iniciaram a Segunda Guerra Mundial com uma imensa invasão terrestre da Polônia. Os alemães sabiam que as melhores tropas polonesas estariam localizadas em Poznan, região oeste da Polônia e perto da fronteira. Para evitar um combate pesado logo no início da campanha, três exércitos alemães atacaram pelos flancos de Poznan e isolaram uma imensa quantidade de soldados poloneses.
No flanco norte, o Quarto Exército Alemão atacou o Exército de Pomorze e em poucas horas, os panzers (tanques) alemães esmagaram essas defesas e forçaram esse exército a recuar para Varsóvia, isolando duas grandes guarnições no litoral.
No flanco sul, o Oitavo e o Décimo Exército Alemão atacou três exércitos poloneses concentrados em Lodz e após pesados combates, os alemães dominaram toda essa parte da fronteira.
Apesar desses ataques alemães, o alto comando polonês ainda acreditava que os alemães atacariam Poznan e ordenou o seu maior e melhor exército a ficar entricheirado numa posição que nunca seria atacada. Era o início da queda da Polônia.
A Batalha de Westerplatte - Uma Resistência Heróica
Encouraçado alemão bombardeia as fortificações polonesas de Westerplatte.
Ainda em 1 de Setembro, logo após a derrota do exército de Pomorze, tropas alemãs do Quarto Exército avançaram para Dantzig, onde unidades da SS já estavam enfrentando uma guarnição polonesa na cidade. Em poucas horas, a cidade alemã estava anexada e o Corredor Polonês sob controle dos alemães. Com Dantzig controlada, os alemães cercaram a península de Westerplatte e começaram a bombardea-la pelo ar, pela terra e pelo mar. Mesmo cercados, os poloneses ofereceram uma resistência heróica contra os alemães. Os alemães lançavam ataque atrás de ataque, mas sofreram enormes perdas. No dia 7 de Setembro, depois de uma semana de intensos combates, os poloneses sobreviventes se renderam, por falta de munição, e os alemães finalmente controlaram a península. A notícia sobre essa resistência polonesa motivou os poloneses a oferecer esse tipo de resistência desesperada, mas custosa para os alemães. Depois de Westerplatte, os alemães iriam isolar a península de Hel e sua guarnição até o fim da campanha.
A Batalha de Mokra - Uma Pequena Vitória para a Polônia
Tropas polonesas recebendo o apoio de um trem-blindado em Mokra.
Enquanto Westerplatte resistia em 1 de Setembro, os poloneses obtinham uma pequena vitória na cidade de Mokra contra panzers alemães. Nesse dia, elementos da Quarta Divisão Panzer, com apoio de infantaria, iniciou uma série de ataques contra as posições polonesas na cidade de Mokra. Mesmo tendo uma enorme quantidade de panzers, os alemães sofreram grandes baixas graças aos canhões poloneses, que se mostraram eficazes contra os panzers atuais, e a chegada de um trem-blindado que assustou a infantaria alemã com suas armas pesadas. Os alemães se reagruparam e tentaram novamente tomar a cidade. Mas, com a chegada da cavalaria polonesa, o ataque alemão fracassou e Mokra não caiu no primeiro dia da invasão. Essa pequena vitória polonesa garantiu uma retirada estratégica para o sul de Lodz, onde mais tropas polonesas estavam se concentrando para deter o avanço alemão para Varsóvia. Mokra foi uma das batalhas mais custosas para os alemães em toda a campanha, com mais de 100 panzers destruídos ou danificados pelas armas polonesas.
Os Combates Aéreos na Polônia
Intenso combate aéreo entre um P-11 polonês e um ME-109 alemão nos céus da Polônia.
Durante a invasão da Polônia, a Luftwaffe (Força Aérea Alemã) mostrou ao mundo que era, na época, a força aérea mais poderosa e moderna. Os aviões utilizados pelos alemães eram avançados para a época e superiores a qualquer outro avião e seus pilotos eram excelentes homens treinados e preparados para qualquer combate.
O caça bimotor ME-110 era um caça pesado e usado para escoltar os bombardeiros alemães. Na Polônia, foi usado não só para missões de escolta, mas também para reconhecimento e ataques contra aviões inimigos pousados ou tropas inimigas em movimento.
O bombardeiro de mergulho Ju-87 "Stuka" foi a arma aérea mais inovadora para a época. Com um motor e a capacidade de carregar uma bomba de 250kg, o Stuka era uma arma extremamente letal contra qualquer alvo terrestre. Era essencial para a nova tática alemã de Blitzkrieg (Guerra Relâmpago). Foi usado na Polônia contra quase tudo, desde tropas, tanques, fortalezas e até cidades. Para piorar, o Stuka carregava uma sirene no seu "nariz" com o intuito de aterrorizar e destruir a moral das tropas inimigas. Os resultados foram devastadores. O único problema do Stuka era sua baixa velocidade e necessidade de escolta contra caças inimigos.
O principal bombardeiro alemão foi o Dornier Do 17. Conhecido como "lápis voador", por causa de seu formato. O Do 17, era rápido, mas muito mal armado e com pouca blindagem. Possuía médio alcance e carregava poucas bombas. Assim mesmo, causou grandes estragos nas principais bases e cidades polonesas. Seriam os aviões mais abatidos durante a campanha.
O ME-109 era o principal caça monomotor dos alemães. Ágil, rápido e manobrável, o ME-109 era uma arma letal nas mãos de um experiente piloto. Foi o caça mais usado na campanha e se mostrou imbatível nos poucos combates aéreos que ocorreram.
Já a Força Aérea Polonesa só possuía 400 aviões e muitos já eram obsoletos. O principal caça polonês foi o P-11, que possuía um design da Primeira Guerra Mundial e era bem fraco em comparação ao ME-109 e ao ME-110. Mesmo assim, os poucos P-11 que escaparam da rápida destruição da força aérea polonesa, infrigiram algumas baixas para os alemães antes de serem eliminados ou abandonados por falta de manutenção. Nenhum bombardeiro polonês participou da campanha, pois quase todos foram destruídos no solo somente no primeiro dia. Vários pilotos escapariam para a França e Inglaterra, onde formariam esquadrões de elite para as futuras batalhas que aconteceriam pela Europa.
A Invasão Alemã pela Prússia Oriental
Transportes alemães adentram a Polônia pela Prússia Oriental.
Em 1 de Setembro, o Terceiro Exército Alemão atacou por toda a fronteira da Prússia Oriental e surpreendeu o Exército Polonês de Modlin, responsável em defender o norte de Varsóvia. Mesmo encontrando uma pesada resistência na fronteira, os alemães rapidamente abriram uma brecha nas defesas polonesas e avançaram com tudo para Varsóvia. O Exército Modlin tentou estabelecer uma forte defesa em Mlawa, mas acabou sendo cercado e isolado pelo resto da campanha pelos alemães. Em 6 de Setembro, tropas avançadas alemãs, vindas da Prússia, já avistavam os arredores de Varsóvia. Percebendo a aproximação dos alemães na capital, o alto comando polonês recuou para a fortaleza de Brest, numa última chance de tentar formar um forte resistência no leste antes da queda do país.
A Conquista da Silésia
Tropas alemãs marcham pela Silésia.
Enquanto isso, no sul da Polônia, em 1 de Setembro, o Décimo Quarto Exército Alemão, com o apoio de três divisões eslovacas, invadiu a província mais industrializada da Polônia: a Silésia. Usando táticas de ataques rápidos e forte apoio aéreo, os alemães e eslovacos avançaram com uma velocidade incrível e empurraram o Exército Polonês dos Cárpatos para trás do Rio San. Mas, mesmo obtendo várias vitórias contra os poloneses, os panzers alemães começaram a encontrar os poucos tanques que os poloneses possuíam e intensas batalhas blindadas aconteceram por toda a Silésia. Depois de uma semana de combates, quase toda a província polonesa estava nas mãos dos alemães. O Exército dos Cárpatos estava arruinado e o Exército Polonês de Krakow, que já estava sofrendo pressão alemã ao norte da Silésia, teve que correr para impedir que os alemães dominassem todo o sul do país.
A Reação do Ocidente - A Falsa Guerra
Soldados e tanques franceses se preparam para adentrar a região montanhosa do Saar, na Alemanha.
Enquanto a Polônia sofria com a invasão alemã, os aliados ocidentais (França e Inglaterra) mobilizavam suas tropas e planejavam como enfrentariam a máquina de guerra alemã. Os britânicos apoiavam uma ofensiva geral em toda a fronteira alemã, com o intuito de capturar Berlim e finalizar a guerra. Porém, os franceses apoiavam um plano mais defensivo, se baseando nas experiências da Primeira Guerra e não se mostraram interessados numa invasão da Alemanha. Os únicos atos militares que os aliados ocidentais deram para os poloneses foram: ataques aéreos ingleses contra as bases navais alemãs que não resultaram em nada, e uma limitada ofensiva blindada francesa na província do Saar, onde enfrentaram pouca resistência alemã e só avançaram 12 km antes de voltar para a França. Na fronteira, onde as Linhas Maginot (França) e Siegfried (Alemanha) se encaravam, ataques de artilharia foram frequentes, mas ninguém morreu. Alguns poucos combates aéreos aconteceram entre franceses e alemães, mas de um modo geral, a Frente Ocidental estava calma e vivia no que parecia ser uma Falsa Guerra. Com essa falta de apoio ocidental, a Polônia estava sozinha na luta contra o nazismo.
A Contra-Ofensiva do Bzura - A Última Chance dos Poloneses
Cavalaria polonesa, carregando peças de artilharia, avança durante as primeiras horas da ofensiva do Bzura.
Em 9 de Setembro, a situação polonesa era crítica. Os alemães estavam cercando Varsóvia, avançavam com grande rapidez para o leste polonês e os aliados não mostravam interesse em apoiar a situação da campanha. Nesse dia, o alto-comando polonês em Brest, decidiu lançar uma enorme contra-ofensiva para tentar barrar o avanço alemão e talvez salvar Varsóvia de um cerco. O local escolhido foi o Rio Bzura, onde os alemães estavam tendo dificuldades para atravessa-lo e onde também estavam localizados os últimos tanques poloneses. Era também nesse setor onde estava localizado o Exército de Poznan, ainda intacto e preparado. Ainda no dia 9, o Exército de Poznan recebeu ordens de atacar a retaguarda alemã no Bzura e tentar posicionar o enorme exército entre Varsóvia e Brest. Nas primeiras horas, os poloneses surpreenderam os alemães concentrados na cidade de Lodz e retomaram o controle de algumas vilas e colinas. Até o dia 12 de Setembro, os poloneses lançaram ataques e mais ataques de infantaria, cavalaria e blindados para romper as linhas alemãs e chegar até Varsóvia. Até mesmo o Exército Pomorze se juntou a contra-ofensiva e retomou algum território. Mas, os poloneses acabaram perdendo força e no dia 13, os alemães atacaram com tudo. Poznan e Pomorze resistiram bravamente isolados no Bzura e acabaram sendo aniquilados pelos alemães no dia seguinte. A última chance da Polônia havia sido destruída.
O Cerco de Varsóvia - A Última Grande Batalha da Polônia
Ataque aéreo alemão contra Varsóvia.
No dia 8 de Setembro, as primeiras unidades alemãs alcançavam os arredores de Varsóvia. A capital polonesa era muito bem defendida por antigas fortalezas e por milhares de soldados que fugiram para lá no início da campanha. Os alemães tentaram capturar alguns distritos, mas foram derrotados. Enquanto mais tropas alemãs se aproximavam por outras direções para cercar a cidade, a Luftwaffe bombardeou sem perdão a cidade. Um grande número de soldados e civis foram vítimas desses intensos ataques aéreos que quase destruíram a cidade. Em 15 de Setembro, os alemães resumiram a ofensiva e foram aos poucos capturando os distritos da capital. A resistência polonesa foi feroz e os alemães sofreram muitas perdas, principalmente de panzers, diante de determinada defesa. Porém, no dia 26 de Setembro, com pouca munição, poucas armas e uma população faminta e doente, os comandantes poloneses da cidade ordenaram a rendição total da capital. A Polônia estava acabada.
A Invasão Soviética - A Queda da Polônia
Tropas soviéticas avançam pelo leste polonês.
Enquanto Varsóvia resistia bravamente contra o avanço alemão, o alto-comando polonês já planejava recuar o que restava de seu exército para a Romênia (que era neutra) e de lá ir para a França, onde poderiam resumir sua luta contra os alemães. Porém, em 17 de Setembro, dois imensos exércitos soviéticos invadiram todo o leste da Polônia e facilmente esmagaram as poucas tropas polonesas que defendiam aquela parte da fronteira. Vendo-se no meio de duas grandes nações, os poloneses fizeram uma retirada até a Romênia. Aproximadamente 100.000 soldados (incluindo alguns pilotos), todo o alto-comando polonês e membros do governo polonês escaparam pela Romênia e rapidamente se instalaram na França e na Inglaterra. Voltando para os soviéticos, estes não encontraram tanta resistência, mas sofreram algumas perdas e tiveram incidentes de "fogo amigo" com tropas alemãs que avançavam pelo oeste. O ponto de encontro entre alemães e soviéticos foi na fortaleza de Brest, abandonada pelos poloneses, e lá o líderes militares da campanha assinaram um documento de delimitação territorial e dividiram a Polônia em duas partes. Era o início de um longo e sofrido período para os civis poloneses. Em 6 de Outubro, as últimas tropas polonesas isoladas no norte se renderam e assim a campanha foi declarada finalizada.
Curiosidades:
- Essa foi a única campanha militar onde a Alemanha Nazista iria lutar junto com a URSS.
- Muitos dos soldados poloneses sobreviventes iriam lutar pelo resto da guerra até a libertação de seu território pelos soviéticos em 1944.
- A tática da Blitzkrieg (Guerra-Relâmpago) foi introduzida nessa campanha, mas ainda possuía falhas na coordenação e comunicação das forças terrestres com o apoio aéreo. Essa tática só ficaria bem definida durante a Campanha da França.
Bibliografia:
- Beevor, Antony. "A Segunda Guerra Mundial". Ed. Record. Rio de Janeiro, RJ, 2015.
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