Segunda Guerra Mundial - França

 

A Campanha da França

(10 de Maio - 25 de Junho, 1940)

Setas Vermelhas (Avanço Alemão); Áreas Azuis (Exércitos Aliados Isolados); Linha Preta (Linha Maginot); Setas Cinzas (Rotas de Evacuação Aliadas); Setas Verdes (Invasão Italiana); Área Roxa (França Vichy).
 
Facções: Alemanha (Walther von Brauchitsch) e Itália (Umberto di Savoia) x Aliados (França, Bélgica, Inglaterra, Holanda, Polônia [exílio], Canadá, Tchecoslováquia [exílio] e Luxemburgo).
 
Forças: Alemanha: 3.350.000 homens, 7.300 canhões, 2.400 tanques e 5.600 aviões; Itália: 300.000 homens x Aliados: 3.450.000 homens, 13.900 canhões, 4.000 tanques e 2.900 aviões.
 
Perdas: Alemanha: 157.600 mortos e feridos, 1.200 aviões perdidos e 820 tanques destruídos; Itália: 6.000 mortos e feridos x Aliados: 360.000 mortos e feridos, 1.900.000 capturados, 2.200 aviões perdidos e 2.400 tanques destruídos (o resto acabou capturado pelos alemães).
 
Resultado: Vitória do Eixo; Territórios franceses ocupados pela Alemanha e Itália; Criação da França Vichy.
 
 
 

A Invasão Alemã da Holanda e da Bélgica

Setas Vermelhas (Avanço Alemão); Setas Azuis (Contra-ataques Aliados).
 
 
Tropas alemãs marcham numa cidade holandesa. Note a empolgação da população pela vinda dos alemães. Existia uma grande presença alemã na Holanda e pouca resistência foi encontrada.
 
Em 10 de maio de 1940, Hitler deu sinal verde para iniciar a invasão da Europa Ocidental e destruir os aliados de uma vez por todas. A Holanda era uma nação neutra que acabou sendo invadida, pois os alemães queriam proteger seu território do norte de uma possível invasão inglesa por aquela região. Por ter uma grande população alemã morando na Holanda, os alemães tiveram pouca dificuldade em dominar o país. Paraquedistas foram usados com sucesso em capturar as principais pontes holandesas e também de tomar o centro de comando holandês em Haia. Depois de cinco dias de moderados combates, a Holanda se rendia para os alemães, após estes terem devastado a cidade de Roterdã num único bombardeio aéreo. Com essa rápida vitória, as tropas alemãs na Holanda puderam avançar para apoiar a luta na Bélgica, onde os aliados ofereciam uma feroz resistência.
 
 
 
Tropas alemãs adentram a capital belga de Bruxelas.
 
Ao mesmo tempo em que os alemães invadiam a Holanda, estes invadiam a Bélgica e Luxemburgo (esta nação não ofereceu resistência e foi logo ocupada). A luta na Bélgica acabou sendo mais longa, pois forças francesas e inglesas também haviam adentrado a nação para tentar apoiar os belgas contra os alemães. Porém, ainda no primeiro dia da invasão, dia 10, paraquedistas alemães capturaram a maior fortaleza da Europa, Eben-Emael, e abriram as principais estradas belgas para os panzers. O que aconteceu nos dias seguintes foram que os alemães acabaram contornando as defesas francesas da Linha Maginot e atravessaram a enorme floresta das Ardenas, na Bélgica, atacando a retaguarda das forças aliadas na Bélgica Central. Os combates foram intensos e pesados. Infelizmente, os aliados tiveram que recuar e Bruxelas, capital da Bélgica, juntamente com o maior porto europeu, Antuérpia, cairam por completo para os alemães e sua temível guerra-relâmpago. A situação era crítica para os aliados.
 
 
 

A Batalha de Dinant - A Primeira Grande Batalha de Tanques da Guerra

Panzers alemães avançam por uma vila belga durante a batalha por Dinant, Bélgica.
 
Ainda na Bélgica, uma divisão panzer, a Sétima, comandada pelo general Erwin Rommel, fez um ataque surpresa contra as posições francesas no Rio Mosa e o atravessou na cidade de Dinant, no dia 12 de Maio, deixando os franceses confusos com a situação. A Sétima Panzer foi tão rápida que os franceses iriam demorar um dia inteiro para entender o que aconteceu. Aproveitando a confusão francesa, Rommel liderou seus panzers até a fronteira da Bélgica com a França, para isolar ainda mais as forças aliadas que ainda lutavam na Bélgica. Porém, no dia 13, a Primeira Divisão Blindada Francesa lançou um pesado contra-ataque contra essa investida alemã. Assim acontecia a primeira grande batalha de tanques da guerra. A batalha em si aconteceu na vila de Flavion, alguns quilômetros a oeste de Dinant e foi um combate brutal e confuso. Mesmo que seus panzers fossem inferiores em comparação aos tanques franceses, Rommel, usando táticas de ataque rápido, conseguiu superar este obstáculo e neutralizou dezenas de tanques inimigos. Para piorar para os franceses, Stukas alemães assediaram a divisão francesa até ela recuar da região, perdendo ainda mais tanques no processo.
 
 
 
 

A Batalha de Sedan - A Batalha Blindada que "Quebrou" a França

Alemães atravessando uma ponte improvisada no Rio Mosa, perto de Sedan, na França. Note-se ao fundo alguns Panzers alemães avançando em direção à cidade.
 


Em 13 de Maio, o general Guderian, comandando três divisões panzers, aproveitou a confusão em Dinant e correu para o Mosa. Lá, ele rompeu as defesas francesas em Sedan (mesmo local onde os prussianos derrotaram os franceses na Guerra Franco-Prussiana de 1870-71) e avançou rapidamente, com forte apoio de Stukas pelas planícies francesas. O alto-comando aliado estava em caos total. Não acreditavam que tantos panzers já tinham adentrado o território francês. Algo tinha que ser feito. Seguindo os conselhos do general De Gaulle, o comando francês despachou duas divisões blindadas (sendo uma pesada) para aniquilar essa investida alemã em Sedan e depois recuperar Dinant. Porém, por causa do avanço alemão, milhares de refugiados franceses e belgas haviam lotado as principais estradas da França e isso acabou atrasando a mobilização na região. Para tentar isolar os alemães em Sedan, aviões ingleses e franceses começaram a lançar pesados ataques contra as pontes improvisadas que os alemães construíram durante a travessia no Mosa, mas não tiveram muita sorte.
 
No dia 14 de Maio, mais ataques aéreos aconteceram no Mosa, mas o avanço alemão continuava com força total. Nesse dia elementos alemães chegaram na vila de Stonne e pararam para descansar. Mas, de repente, tanques franceses apareceram no horizonte e avançavam contra Stonne. Alguns panzers estavam nas proximidades da vila e decidiram engajar os adversários, dando início a uma longa e confusa batalha blindada por Stonne. Os tanques franceses (mais pesados e numerosos) facilmente retomaram o controle da vila e  destruíram vários panzers. Guderian enviou reforços e outro combate pesado de blindados aconteceu nas ruínas de Stonne. Após algumas horas de combate, os franceses ainda tinham o controle da vila, mas não conseguiram avançar mais.
 
Em 15 de Maio, mais panzers alemães foram enviados para conquistar a vila de vez. Ao mesmo tempo, mais tanques franceses se posicionaram na vila vizinha de La Bagnolle e um breve combate aconteceu, com os panzers vencendo a luta. A última batalha blindada por Stonne foi longa, brutal e caótica. A vila mudou de lado mais de 10 vezes em menos de 2 horas! No fim, as duas divisões blindadas francesas estavam acabadas e quase sem tanques. Para piorar, Stukas começaram a aparecer na região e os franceses evacuaram os poucos tanques que ainda restavam. Também foi uma batalha aérea intensa, quando centenas de aviões aliados tentaram destruir as pontes do Mosa, mas sofreram imensas perdas diante dos caças alemães. A Batalha de Sedan selou o destino da França. A única chance dos franceses de deter a invasão alemã fracassou e era só uma questão de tempo antes da queda da República Francesa.
 
 
 
 

A Batalha de Cambrai - Rommel Isola Metade dos Aliados no Norte da França

Uma coluna de Panzers alemães avança em direção à Cambrai, Norte da França.
 
Enquanto acontecia a pesada luta por Sedan, o general Rommel e sua Sétima Divisão Panzer avançava contra leve oposição francesa para dentro do território francês. Foi nesse avanço que Rommel percebeu que poderia dividir o exército aliado em dois. Com uma velocidade incrível e quase "fantasmagórica", a Sétima Panzer alcançou os arredores de Cambrai, no norte da França no dia 18 de Maio. O local fora um epicentro de pesados combates durante a Primeira Guerra Mundial. Porém, graças à guerra-relâmpago, a cidade caiu sem luta para Rommel e seus panzers. Os franceses só iriam perceber o avanço alemão muito tarde. Mesmo atrasados em deter o avanço de Rommel, os franceses lançaram vários ataques blindados contra Rommel, mas foram totalmente derrotados. Em 20 de Maio, Rommel, deixou Cambrai e partiu para Arras, para apertar ainda mais o cerco sobre os aliados. Porém, no dia seguinte, 21, um ousado contra-ataque blindado inglês deteu o avanço alemão e deu tempo para as forças aliadas no norte recuar para o porto de Dunquerque. Mesmo com seu caminho barrado, Rommel conseguiu isolar metade do exército aliado no norte da França e na Bélgica. Era o início de um dos momentos mais dramáticos e importantes da História.
 
 
 

 

A Evacuação de Dunquerque - O Milagre que Salvou os Ingleses

Cenário caótico em Dunquerque. A evacuação foi um sucesso, mas muito seria perdido para que desse certo.
 
Em 26 de Maio, o comando britânico percebeu que não havia como deter a ofensiva alemã e decidiu retirar o que restava de seu exército da França, antes que fosse tarde demais. No dia 27, os Panzers alemães retomaram a ofensiva no norte da França e esmagaram dezenas de unidades francesas e belgas pelo enorme bolsão que foi estabelecido. No dia seguinte, 28, os belgas, quase sem munição, decidiram se render para os alemães. Porém, eles atrasaram o processo de rendição para que os ingleses e franceses pudessem recuar para a única rota ainda aberta no litoral: a cidade de Dunquerque. Em Dunquerque, no dia 29, os primeiros navios ingleses chegaram na cidade e começaram a evacuar os 400.000 soldados ingleses presos na França. Mas, aviões alemães atacaram os comboios e afundaram vários navios, causando grandes baixas. Tudo parecia perdido para os aliados quando de repente, no dia 30, os Panzers pararam seu avanço e rumaram em direção à Paris. Hitler havia dado a ordem de deixar os ingleses irem embora derrotados, acreditando que estes pediriam por uma paz com os alemães. Mas, ao invés disso, o comando inglês viu uma enorme oportunidade em resgatar o maior número possível de homens, antes que os alemães mudassem de ideia. No dia 31, começou a Operação Dínamo, uma imensa quantidade de navios militares e civis, deixaram a Inglaterra para salvar seus compatriotas. Os alemães falharam em perceber a evacuação e só bombardearam a cidade com artilharia. Percebendo os motivos dos ingleses, em 1 de Junho, os alemães lançaram centenas de ataques aéreos pesados contra os navios. Intensos combates aéreos aconteceram, mas os alemães não conseguiram neutralizar a evacuação. Percebendo o erro que cometeu, Hitler ordenou que seus Panzers retornassem para o norte e esmagassem o bolsão de Dunquerque, no dia 2. Porém, as divisões francesas seguraram bravamente os ataques alemães e a evacuação seguiu como planejada. Nos dias 3 e 4, os Panzers esmagaram as defesas francesas e adentraram Dunquerque, onde encontraram tanques, canhões e caminhões abandonados, mas nada do exército inglês. Com isso, a Operação Dínamo conseguiu evacuar mais de 480.000 soldados ingleses, e até alguns franceses, que seriam essenciais para as próximas batalhas que se seguiriam.
 
 
 
 
 

A Tomada de Paris - Hitler deixa a França de Joelhos

Hitler e seus generais visitam Paris, após a sua captura. Essa seria a única visita de Hitler na capital francesa.
 
Enquanto os britânicos evacuavam seu desgastado exército em Dunquerque, os alemães se posicionavam para avançar contra Paris, capital da França. O exército francês estava exausto e tinha poucos tanques ou blindados para enfrentar os panzers alemães. Antes do ataque alemão começar, os franceses receberam reforços na forma de duas divisões inglesas e uma brigada polonesa, com alguns tanques pesados ingleses como suporte. Como a situação era drástica, o comando francês decidiu construir posições fortificadas que podiam ser isoladas, mas que tinha suprimentos que durariam meses antes de sucumbirem. Várias dessas novas fortificações foram estabelecidas ao norte de Paris.
 
Em 5 de Junho, os alemães lançaram sua mais nova ofensiva contra os franceses e seus aliados, e descobriram que essas novas defesas francesas eram difíceis de serem capturadas. Após semanas de intensos combates, os alemães finalmente adentraram Paris no dia 14 de Junho. Para o governo francês, era o fim da nação e planos para uma rendição já eram desenvolvidos. Porém, o comando militar francês decidiu continuar com a resistência na Linha Maginot. As forças britânicas restantes, juntamente com os poloneses e algumas unidades francesas, foram sendo evacuados em outras cidades portuárias pela França até a Inglaterra. O fim estava próximo para os franceses.
 
 
 
 
 

A Invasão Italiana da França - Uma Ofensiva Desnecessária

Tropas de montanha italianas carregam peças de um canhão no meio dos Alpes.
 
Depois de quase um ano decidindo se entraria na guerra ou não, o líder fascista Benito Mussolini decidiu que lutaria ao lado da Alemanha Nazista para tentar recriar o antigo Império Romano na Europa e na África. Em 10 de Junho, Mussolini mobilizou mais de 300.000 soldados, com apoio aéreo e de artilharia, contra o sul da França, com o intuito de obter algum espólio após a queda desta diante do avanço alemão. As defesas francesas no sul, principalmente nos Alpes, era de 180.000 homens, que possuíam pouco apoio aéreo, metralhadoras, alguns canhões e metade da temida frota francesa (no Mediterrâneo).
 
Em 11 de Junho, a Itália declarou guerra contra os Aliados e iniciou sua ofensiva contra os franceses. Mussolini não queria ainda invadir o território francês, pois seu enorme exército estava tendo dificuldades para chegar até a fronteira montanhosa da França e demoraria algumas semanas antes de atacar. Enquanto isso, ataques aéreos e navais italianos, assediavam as defesas francesas. Os franceses respondiam a esses ataques com seus aviões e navios e muitas perdas foram sofridas em ambos os lados nesse período de guerra de atrito.
 
Finalmente, em 21 de Junho, um dia antes da rendição total da França para os alemães, o exército italiano se posicionou na fronteira e iniciou a invasão do sul da França. Porém, a invasão foi horrível e muito mal coordenada. As tropas italianas não tinham mapas atuais das montanhas francesas e se perderam por vários dias antes de alcançarem seus objetivos. Também, sua artilharia não possuía alcance para atacar as fortificações francesas e os poucos tanques trazidos para a campanha não tinham como atravessar as passagens rochosas dos Alpes. Mesmo assim, a ofensiva continuou e os italianos foram avançando o mais rápido possível. A resistência francesa foi feroz e os italianos sofreram grandes baixas.
 
Em 24 de Junho, os italianos terminavam de atravessar os Alpes e alcançavam as planícies do sul da França, obtendo vários ganhos territorias e esmagando as defesas francesas. Nesse mesmo dia, o que restava do governo francês pediu por um cessar-fogo e Mussolini aceitou. A campanha terminou sendo uma pequena vitória para a Itália, mas mostrando o quão ineficiente seu exército estava preparado para a guerra. Os italianos perderam mais de 6000 homens, enquanto os franceses perderam somente 40 homens! No fim, a ofensiva italiana na França poderia ter sido evitada, pois a França estava no processo de se render. Mas, a ganância de um ditador era maior do que a vida de seus homens naquela época.
 
 
 
 

A Queda da França - A Europa Ocidental nas Mãos dos Nazistas

Tropas francesas se rendem para os alemães no último dia da longa campanha.
 
Um dia após a captura de Paris pelos alemães, o que restava do governo francês recuou para Épiny, atrás da Linha Maginot e decidiu continuar resistindo até desgastar a máquina de guerra alemã. Porém, enquanto os alemães se preparavam para atacar esse último bolsão francês, membros do governo já planejavam se render para acabar com o conflito. Em 16 de Junho, os alemães inciavam a última ofensiva contra os franceses. A luta foi feroz e brutal, mas, no dia 22 de Junho, tudo acabou para os franceses. Sem munição ou qualquer chance de escapar, o governo francês se rendeu para os alemães e a campanha da França chegava ao seu fim (menos no sul onde a invasão italiana acontecia nos Alpes).
 
Hitler imediatamente dividiu a França em três territórios: o oeste e o norte ficariam sob controle alemão; o sul ficaria sob o controle do governo francês fascista de Vichy, comandado pelo Marechal Petáin; e os Alpes estariam sob total controle dos italianos. Assim, a Europa Ocidental estava totalmente dominada pelos nazistas. Só havia um único obstáculo para Hitler no Ocidente: a Inglaterra.
 
 
 

Curiosidades:

  • A campanha da França foi a campanha terrestre mais longa durante as conquistas alemãs no início da guerra.
 
  • Uma forte e organizada resistência francesa surgeria após a campanha, mas só pegaria em armas contra os nazistas em 1944.
 
  • No dia da rendição francesa para os alemães, Hitler ordenou que trouxessem o vagão que havia sido utilizado pelos franceses na Primeira Guerra Mundial para os alemães assinarem o armistício. O vagão foi encontrado num museu e colocado no mesmo local da derrota alemã em 1918. Quando a delegação francesa chegou ao local e viu o vagão, perceberam que era a vez da França ser humilhada pelos alemães. Para Hitler a vingança da Grande Guerra estava completa.
 

Bibliografia:

  •   Beevor, Antony. "A Segunda Guerra Mundial". Ed. Record. Rio de Janeiro, RJ, 2015.







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