Segunda Guerra Mundial - Atlântico
A Campanha do Atlântico
(3 de Setembro, 1939 - 8 Maio, 1945)
Linhas Azuis (Rotas Comerciais Aliadas); Círculos Vermelhos (Zonas de Ataques de U-Boats); Cruzes Verdes (Batalhas Navais).
Informações Técnicas:
Facções: Aliados (Inglaterra, Canadá, EUA, França Livre, Marinheiros Poloneses, Brasil, Marinheiros Holandeses e Marinheiros Noruegueses) x Eixo (Alemanha e Itália).
Forças: Desconhecidas.
Perdas: Aliados: 72.000 mortos e desaparecidos, 3.675 navios afundados e 741 aviões abatidos x Eixo: 30.500 mortos e desaparecidos, 800 submarinos afundados e 47 navios afundados.
Resultado: Ferrenha Vitória Aliada.
Local: Todo o Atlântico.
A Batalha Naval do Rio da Prata
O encouraçado de bolso Graf Spee arde em chamas após ser afundado por sua própria tripulação depois da batalha naval no Rio da Prata, Uruguai.
Em 3 de Setembro de 1939, os Aliados declaravam guerra contra a Alemanha. Enquanto mobilizavam suas frotas para enfrentar as futuras operações submarinas que os alemães planejavam lançar em breve pelo Atlântico, os alemães já haviam despachado um de seus navios de guerra mais modernos da época, o encouraçado de bolso "Graf Spee". Um encouraçado de bolso era um cruzador pesado com poder de fogo e blindagem igual à um encouraçado, mas com a velocidade e rápida manobra de um cruzador de combate.
Em Agosto, semanas antes da guerra, o Graf Spee fora despachado para se posicionar no Atlântico para caso uma guerra tivesse início e assim, ele começaria a atacar navios aliados pelo oceano. Quando chegou a notícia do início da guerra na Europa, o Graf Spee começou a caçar e afundar navios de carga aliados por todo o Atlântico. De 30 de Setembro até 28 de Outubro, o Graf Spee afundou cinco cargueiros pelo Atlântico. Mesmo sendo poucos navios, o alto-comando britânico mostrou preocupações e iniciou uma caçada por esse navio de guerra.
Enquanto os ingleses procuravam o Graf Spee pelo Atlântico, o navio alemão adentrava no Oceano Índico para continuar suas caçadas sem ter que enfrentar os navios ingleses. De 3 de Novembro até 7 de Dezembro, o Graf Spee afundou mais quatro navios aliados antes de retornar para o Atlântico. Com pouca munição e combustível acabando, o capitão do Graf Spee, decidiu retornar à Alemanha. Usando táticas navais avançadas, o Graf Spee evitou ao máximo as patrulhas navais inglesas e rumava com tudo para o Atlântico central quando interceptou uma transmissão inglesa falando de um comboio que estaria prestes a adentrar o Rio da Prata e não possuía escoltas. O Graf Spee imediatamente partiu para o Rio da Prata. Porém, era tudo uma armadilha inglesa para cercar e afundar o navio alemão.
Em 13 de Dezembro, o Graf Spee chegou à boca do Rio da Prata e encontrou não um comboio, mas sim três cruzadores pesados ingleses. E assim teve início a Batalha do Rio da Prata. Mesmo cercado, o Graf Spee mostrou seu poder de fogo contra os ingleses e estes sofreram para igualar o mesmo poder de fogo. Após horas de intenso combate naval, o Graf Spee, danificado, fugiu com sucesso para o porto neutro de Montevidéu, Uruguai e começou a fazer reparos. Já os três cruzadores ingleses ficaram gravemente danificados e tiveram que recuar para as ilhas Falklands.
Os ingleses já sabiam das intenções dos alemães em chegar até a Alemanha e decidiram enganar novamente os alemães com informações falsas sobre a chegada de uma enorme frota no Prata para aniquilar o navio alemão. Novamente, os alemães caíram no truque inglês e no dia 17 de Dezembro, a tripulação do Graf Spee afundava seu próprio navio e se entregava para as autoridades uruguaias. Já o capitão alemão cometeu suícido dias após o fim da jornada do seu navio.
A Caçada pelo Bismarck
O maior e mais poderoso encouraçado do mundo no início da Segunda Guerra. Mesmo sendo um navio potente, acabaria tendo um fim trágico após uma épica perseguição naval.
O Bismarck, quando foi lançado em 1940, havia se tornado o maior e mais poderoso encouraçado do mundo, na época. A Marinha Inglesa mostrou uma enorme preocupação desse navio alcançar o Atlântico, e igual ao Graf Spee, causar enorme estrago nos comboios aliados.
Em 18 de Maio de 1941, o Bismarck deixou a proteção da base naval alemã de Kiel para iniciar sua campanha contra os comboios aliados no Atlântico. Porém, o serviço de espionagem inglês estava de olho e começou a seguir a rota desse poderoso navio de guerra.
Em 19 de Maio, o Bismarck se encontrou com o cruzador pesado Prinz Eugen, que também rumava para o Atlântico, e este acabou sendo convertido numa escolta pesada para o encouraçado.
Em 20 de Maio, o Bismarck e o Prinz Eugen se aproximaram da Dinamarca para adentrar o Mar do Norte. Os ingleses os seguiram de perto.
Em 21 de Maio, Bismarck e Prinz Eugen chegaram a Bergen, na Noruega, reabasteceram e partiram para o Ártico.
Em 22 de Maio, Bismarck e Prinz Eugen se aproximaram do Estreito da Dinamarca (Islândia) para chegar no norte do Atlântico. Os ingleses despacharam dois cruzadores pesados para atacar o Bismarck nessa área.
Em 23 de Maio, o Bismarck descobriu que estava sendo seguido por um cruzador inglês e o engajou. O cruzador inglês sofreu leves danos e escapou.
Em 24 de Maio, ocorreu a Batalha Naval do Estreito da Dinamarca. O Bismarck e o Prinz Eugen enfrentaram os dois cruzadores enviados para ataca-los e um foi afundado pelo Bismarck e o outro escapou com graves danos.
Em 25 de Maio, finalmente o Bismarck e o Prinz Eugen chegaram ao Atlântico e se separaram. Horas depois, o Bismarck sofreu pesados ataques aéreos, mas teve poucos danos.
Em 26 de Maio, um segundo ataque aéreo contra o Bismarck atingiu os motores do navio alemão e o forçou a recuar para a França. Nesse momento, a Marinha Inglesa reuniu quase toda a sua frota européia para cercar e destruir o Bismarck.
Em 27 de Maio, o Bismarck foi cercado pela Marinha Inglesa e aniquilado após um brutal combate naval. Dos 2.000 tripulantes do navio alemão, somente 200 foram salvos.
Com a perda do Bismarck, a Marinha Alemã ordenou que todos seus navios de guerra restantes retornassem para a Alemanha, com o intuito de se protegerem da Marinha Inglesa. Com isso, os navios de guerra alemães nunca mais ameaçariam o Atlântico. Era hora dos U-Boats entrarem em ação.
A Árdua Batalha contra os U-Boats
U-Boat alemão patrulhando o Atlântico à procura de algum comboio aliado.
Quando a guerra começou em 1939, havia poucos U-Boats operando no Atlântico. Nesse ano, ainda não existiam os comboios que os aliados iriam criar. Os U-Boats afundaram alguns poucos navios que navegavam sozinhos ou com pouca escolta.
Em 1940, após a queda da França, a Alemanha obteve acesso de todas as bases navais francesas e as converteram em enormes bases para seus U-Boats. Agora os submarinos alemães tinham grandes alcances no Atlântico Norte. Muitos navios seriam perdidos e os primeiros comboios seriam formados, mas com pouco sucesso contra os U-Boats. Era o início dos "Tempos Felizes" dos U-Boats.
Em 1941, os "Tempos Felizes" chegaram ao fim quando tempestades marítimas afetaram as operações dos U-Boats por algum tempo. Nesse período de pausa nos ataques submarinos, os aliados criaram grandes comboios, com algumas escoltas, para facilitar o envio de ajuda para a Inglaterra. Porém, quando os U-Boats retornaram, estes trouxeram uma nova tática de combate naval: as "Matilhas de Lobos". Essa tática exigia o uso de cinco ou mais U-Boats contra os grandes comboios que atravessavam o Atlântico. Foi também nesse ano que ocorreram os primeiros combates navais contra os americanos, mesmo que estes fossem neutros.
Em 1942, os U-Boats começaram a sofrer enormes perdas, mas continuaram causando grande estrago nos comboios aliados. É nesse período que submarinos maiores e mais modernos lançaram ataques contra o litoral americano, no Caribe e no Atlântico Sul. É o segundo "Tempos Felizes" para os alemães. Porém, as escoltas aliadas se mostraram mais eficientes com novas táticas de combate e novas tecnologias.
Em 1943, os alemães possuíam quase 900 U-Boats operando somente no Atlântico. Mas, graças aos avanços tecnológicos dos aliados, estes acabaram de vez com os "Tempos Felizes" dos alemães e centenas de U-Boats foram perdidos. Os comboios sofreram algumas perdas, mas conseguiram manter a maioria dos navios intactos. Percebendo o fracasso das "Matilhas de Lobos", os alemães retiraram todos os U-Boats restantes do Atlântico. A batalha estava ganha.
De 1944 até 1945, alguns U-Boats isolados continuariam a atacar as rotas de comércio por todo o Atlântico, mas as baixas seriam poucas para os aliados e muitos U-Boats seriam perdidos nesses ataques.
O Brasil na Batalha do Atlântico
Propaganda brasileira mostrando a luta brasileira contra os U-Boats alemães. Porém, a realidade do combate contra os submarinos alemães seria bem diferente do que realmente era dito ao público.
Quando a guerra começou, o Brasil imediatamente se declarou um governo neutro e manteve seus acordos comerciais com todas as nações em guerra. Porém, tudo mudou em 1941 quando um submarino alemão afundou um cargueiro brasileiro no Mediterrâneo. Esse ataque causou grande mal estar entre ambas as nações (Brasil e Alemanha), mas a neutralidade ainda era mantida. Mas, a coisa só piorou para o Brasil. Quando os submarinos alemães chegaram no Atlântico Sul e receberam ordens de afundar qualquer navio que fosse para território aliado, o Brasil fez de tudo para convencer o Eixo que não queria entrar na guerra. Foi tudo em vão. Os U-Boats começaram a afundar uma enorme quantidade de cargueiros e até alguns navios de guerra. Isso levou a população brasileira a fazer pesados protestos contra esses ataques e pressionar o governo getulista de declarar guerra ao Eixo e se juntar aos Aliados.
Após muita pressão dos americanos, em 1942, o governo getulista cedeu e declarou guerra ao Eixo em 28 de Janeiro. Imediatamente, forças americanas instalaram grandes bases aéreas e navais no Nordeste e treinaram membros da marinha e força aérea brasileira a caçar e afundar submarinos inimigos. De 1942 até 1944, o Brasil, com apoio dos EUA, ajudou a afundar 12 U-Boats e 5 submarinos italianos. Isso contribuiu para forçar o Eixo a abandonar o Atlântico Sul e se fixar no Atlântico Norte, fazendo com que os comboios aliados pudessem rumar para a África com mais segurança e tranquilidade na região.
Curiosidades:
- A Campanha do Atlântico foi a batalha mais longa de toda a Segunda Guerra Mundial.
- Alguns U-Boats conseguiram escapar das forças aliadas no fim da guerra e muitos desapareceram na América Latina.
- Esse foi o maior e mais longo uso de submarinos numa guerra.
Bibliografia:
- Beevor, Antony. "A Segunda Guerra Mundial". Ed. Record. Rio de Janeiro, RJ, 2015.
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