Segunda Guerra Mundial - Itália
A Campanha da Itália
(10 Julho, 1943 - 2 Maio, 1945)
Setas Azuis (Avanço Aliado); Linhas Vermelhas (Defesas Alemãs)
Informações Técnicas:
Facções: Aliados (Inglaterra, EUA, França Livre, Canadá, Polônia, Nova Zelândia, África do Sul, Brasil e Grécia) x Eixo (Alemanha e Itália).
Forças: Aliados: 1.300.800 homens e 4.000 aviões x Eixo: 560.000 homens e 720 aviões.
Perdas: Aliados: 327.000 mortos e feridos x Eixo: 330.000 mortos e feridos (o resto se rendeu em Maio de 1945).
Local: Sicília e Península Itálica.
Resultado: Ferrenha Vitória Aliada; Rendição do Exército Alemão do Sul; Fim do Fascismo Italiano.
A Operação Husky - A Invasão Aliada da Sicília (1943):
Tanque americano Sherman desembarca numa praia siciliana no início da invasão.
Em 10 Julho de 1943, uma enorme força anglo-americana iniciou a invasão na Sicília, com o intuito de tirar a Itália da guerra e invadir o território nazista pelo sul. A resistência italiana e alemã foi brutal nos primeiros dias, mas após os aliados terem derrotados os vários contra-ataques do Eixo, estes iniciaram uma retirada para o Monte Etna (um vulcão ativo) no norte da Sicília.
De 25 Julho até 4 Agosto, os aliados iriam enfrentar uma feroz resistência alemã na chamada Linha Etna. Os combates seriam brutais e difíceis por causa da geografia montanhosa da região. Após uma semana de intensos combates, os alemães abandonaram a linha e evacuaram suas forças de Messina para a Península Italiana. Em 4 de agosto, os aliados adentraram Messina e declararam a Sicília conqusitada.
Após o desastre da defesa da Sicília, o alto-comando italiano, seguindo as ordens do General Badoglio, prendeu Benito Mussolini e iniciou um processo de negociação com os aliados. Em Setembro de 1943, a Itália não fazia mais parte do Eixo e se juntava aos aliados. Hitler rapidamente enviou suas melhores tropas para ocupar toda a península italiana, antes da invasão aliada, e desarmar o exército italiano. Ao mesmo tempo, tropas especiais nazistas soltaram Mussolini e o levaram para Milão, onde o líder fascista reuniria seus seguidores e estabeleceria a República de Saló (um mero governo fantoche para os nazistas).
A Batalha de Salerno - A Invasão da Itália Começa Difícil (1943):
Tropas americanas correm para desembarcar suprimentos e veículos antes de um contra-ataque alemão ocorrer na área.
Em Setembro de 1943, os aliados lançaram a Operação Avalanche: a Invasão da Península Italiana. O objetivo dessa operação era de desembarcar perto de Nápoles e isolar o sul da península antes da chegada dos alemães. Porém, o que os aliados não sabiam era que os alemães já controlavam a cidade e estavam se espalhando pelo sul para dificultar a invasão aliada.
No dia 10 de Setembro, tropas anglo-americanas desembarcaram nas praias de Salerno, ao sul de Nápoles e tentaram alcançar a cidade. Mas, poderosos contra-ataques blindados alemães empurraram os aliados para as praias do local. A Batalha de Salerno duraria uma semana, mas seria um dos combates mais difíceis da guerra. Enquanto os Panzers alemães lançavam contra-ataques seguidos, os aviões alemães bombardeavam sem parar a frota aliada, afundando vários navios no processo.
Em 15 de Setembro, paraquedistas americanos foram lançados na retaguarda dos alemães e isso forçou os alemães a abandonar a batalha quase ganha. Em 16 de Setembro, as tropas aliadas romperam as linhas alemãs e venceram a Batalha de Salerno. Após essa difícil vitória, os aliados rapidamente se espalharam pelo sul da Itália e encontraram pouca oposição das guarnições italianas. Em Nápoles, a população pegou em armas e após 4 dias de combates urbanos, forçou os alemães a abandonar a cidade. Os aliados adentraram Nápoles dias depois e finalizaram a Operação Avalanche.
As Batalhas por Monte Cassino - O Inferno na Itália (1944):
Bateria antiaérea britânica durante os combates por Monte Cassino. Note o nível de destruição que predominou na região.
Após o sucesso da Operação Avalanche, os aliados aproveitaram a retirada alemã do sul da Itália para começar a adentrar a região central e montanhosa da península. O objetivo: Roma.
Em 1944, os aliados (americanos avançando pelo oeste e os ingleses avançando pelo leste, com apoio de unidades polonesas e francesas no centro) alcançaram uma poderosa linha de defesa alemã em Monte Cassino. Monte Cassino era um mosteiro localizado no topo de um morro e que tinha acesso a todos os vales que vinham do sul da Itália para Roma. Os alemães sabiam da importância do local e o transformaram numa fortaleza.
Os aliados acreditavam que a sua captura seria rápida e decisiva. Porém, mal sabiam que os alemães haviam colocado suas melhores tropas (a maioria paraquedistas) para proteger o local custe o que custar. O cenário estava pronto para uma das batalhas mais violentas da guerra.
A Primeira Batalha ocorreu em Janeiro de 1944. Os aliados atravessaram vários rios e colinas para alcançar as principais posições alemãs. Após vários dias de intensos combates, a linha alemã aguentou o ataque aliado e estes recuaram para posições seguras.
Em Fevereiro, a Segunda Batalha teve início com o polêmico bombardeio aéreo aliado contra o mosteiro (que não estava ocupado pelos alemães, pois era um edifício histórico). O ataque aéreo não resultou em nenhum ganho tático para os aliados, só piorou o nível da defesa alemã, pois as ruínas se mostraram eficazes contra a ofensiva aliada.
Em Março, a Terceira Batalha ocorreu muito parecida com a primeira batalha. Os aliados atravessaram vários obstáculos naturais e enfrentaram uma fanática resistência alemã nas ruínas das vilas que cercavam o monte. O resultado: outra retirada aliada.
Durante o mês de abril, o alto-comando aliado decidiu fazer um desembarque arriscado em Anzio, bem ao sul de Roma e atrás da linha alemã em Monte Cassino, com o intuito de capturar a capital italiana e romper a linha inimiga. Quase todas as tropas americanas e inglesas foram retiradas da frente de combate para participar da operação. Seriam as unidades polonesas e francesas que enfrentariam os alemães numa última batalha pelo monte.
A Quarta e Última Batalha aconteceu em Maio de 1944. Poloneses e franceses avançaram com fúria e desespero. Os combates foram brutais e sanguinários. Ambos os lados sofreram grandes baixas, mas no fim, uma tropa polonesa alcançou o mosteiro e ficou uma bandeira da Polônia indicando o fim da batalha e o rompimento da linha alemã. Os alemães começaram a recuar para o norte da Itália.
A Batalha de Anzio - Falta de Planejamento quase levou os Aliados a uma derrota na Itália (1944):
Tropas americanas avançam pelas praias de Anzio para alcançar Roma. Note o navio em chamas na esquerda. Ataques aéreos alemães seriam frequentes durante toda a batalha.
A Batalha de Anzio é um exemplo perfeito para quando à falta de planejamento. Por causa do impasse em Monte Cassino, o alto-comando aliado decidiu fazer um ataque anfíbio na retaguarda alemã em Anzio, somente 10 km do sul de Roma, com o intuito de cercar os exércitos alemães e libertar a capital italiana.
Porém, os alemães sabiam muito bem que um ataque viria por aquela direção. Meses antes, eles construíram poderosas fortificações em volta da cidade e nas colinas que cercavam as praias de desembarque. Mas, quando nenhum ataque aliado veio, os alemães abandonaram essas defesas e se estabeleceram em Monte Cassino.
Em Abril de 1944, uma enorme força anfíbia anglo-americana bombardeaou Anzio (estava abandonada) e desembarcou na região. Porém, o comandante dessa tropa estava com medo de avançar para o interior e enfrentar as divisões alemãs. Ordenou a construção de trincheiras e decidiu esperar pela queda de Monte Cassino. Seria um grave erro.
Patrulhas foram enviadas e estas encontraram as defesas alemãs abandonadas. Uma patrulha até mesmo adentrou Roma e encontrou a cidade desocupada. Mas, o comandante aliado acreditava que tudo era uma armadilha. Perdeu uma das maiores oportunidades da guerra.
Quando os alemães perceberam o ataque, estes rapidamente ocuparam as fortificações e cercaram a tropa aliada. Centenas de aviões alemães seriam usados para atacar a frota ancorada e mais de 20 navios de guerra seriam danificados ou afundados.
A Batalha de Anzio duraria até Junho de 1944, quando os alemães abandonaram suas fortificações (por causa do avanço aliado em Monte Cassino) e até mesmo Roma. Em 6 de Junho, os aliados finalmente sairam de Anzio e adentraram em Roma algumas horas depois (nesse mesmo dia ocorria o Dia-D na Normandia). Para o alto-comando aliado a campanha pela Itália estava finalizada. Porém, a luta continuaria e ficaria mais violenta nos últimos meses da guerra.
A Batalha contra a Linha Gótica - Os Aliados Sangram nos Apeninos (1944):
Tanque pesado M10 passa ao lado de uma coluna de soldados canadenses indo na direção de Bolonha.
Após a libertação de Roma, ainda em Junho de 1944, os aliados iriam devagar avançando pela região central e montanhosa da península italiana. A resistência alemã seria feroz, mas após alguns combates pesados, estes recuariam para novas defesas.
De Julho até Dezembro, os aliados alcançariam os Apeninos, uma enorme cadeia de montanhas que divide o norte da Itália do resto da península. Seria ali, que os aliados iriam enfrentar as mais poderosas defesas alemãs de toda a guerra. Cada morro, colina e monte era uma fortaleza. Os alemães tinham enorme vantagem na artilharia, morteiros e metralhadoras. Também era um "paraíso" para atiradores de elite. Nos primeiros embates contra essa linha alemã, chamada de Gótica, os aliados iriam fracassar em todos os setores. Os ingleses e canadenses lutariam por Bolonha e os americanos por Montese. Com a chegada do inverno, as operações aliadas seriam paralisadas. Foi nesse duro combate onde soldados de uma nação tropical iriam mostrar ao resto do mundo como superar tais adversidades.
O Brasil Ajuda os Aliados a Romper a Linha Gótica - O Fim da Campanha Italiana (1944-45):
Tropas brasileiras avançam pelas ruínas de uma vila italiana nos Apeninos.
Quando o Brasil entrou na guerra ao lado dos aliados, seu exército era despreparado e mal armado. Com ajuda americana, o exército brasileiro melhorou o treinamento de seus homens e ganhou armamentos mais poderosos. 25.000 pracinhas (soldados) seriam enviados como a "primeira leva" de combatentes do Brasil na luta contra o Nazismo.
Os pracinhas eram de origem mais humilde. Nenhum era de família de classe média alta ou elite. A maioria trabalhava no campo ou em fábricas. Pouquíssimos eram veteranos. Assim mesmo, mostrariam serem capazes contra qualquer ameaça.
Os primeiros pracinhas chegariam em agosto de 1944 em Nápoles. De lá, seriam despachados de imediato para a luta contra a Linha Gótica. De setembro até outubro, os pracinhas iriam participar de pequenas missões de patrulhas contra tropas italianas leais à Mussolini. Após esses combates iniciais, a Primeira Divisão estaria completa com a chegada do resto da tropa em Outubro.
Pelo resto de Outubro até Dezembro, os brasileiros seriam transferidos para o setor mais perigoso e poderoso da Linha Gótica: Monte Castelo. Após três ataques fracassados, os pracinhas iriam ficar entricheirados no meio da neve (muitos nunca haviam visto a neve antes) e de rochedos, esperando uma oportunidade surgir para tentar tomar a fortaleza alemã.
No final de Dezembro de 1944 e o início de Janeiro de 1945, os alemães lançaram uma ousada ofensiva em toda a linha. Nos setores americanos e britânicos, os alemães recapturaram algumas posições. Já no setor brasileiro, após brutais combates, a ofensiva alemã fracassou.
De Janeiro até Fevereiro, com o inverno diminuindo, os pracinhas lançariam mais três ataques contra Monte Castelo. Só o último ataque resultaria na captura definitiva do monte e do rompimento da Linha Gótica.
De Março até Maio, os alemães abandonariam o resto da linha Gótica e tentaria escapar para a Áustria atravessando as planícies do Rio Pó. Os anglo-canadenses tomariam Bolonha e alcançariam Veneza e Trieste. Os brasileiros tomariam Montese (após pesado combate), capturariam mais de 3 divisões alemãs e 2 italianas em Fornovo e alcançariam Turim. Já os americanos entrariam em Milão, onde testemunharam a execução do líder fascista Benito Mussolini e de sua amante pelas mãos de rebeldes italianos.
Em 9 Maio, os alemães restantes se renderam para os aliados na fronteira da Áustria e a campanha italiana chegou ao fim. Para os brasileiros, o retorno para casa foi emocionante de início, mas logo esquecido a mando do governo de Getúlio, que seria derrubado meses depois. Dos 25.000 pracinhas, 2.500 seriam mortos ou feridos.
Curiosidades:
- A Campanha Italiana foi a campanha mais difícil que os aliados tiveram em toda a sua luta contra o Nazismo.
- Outras participações brasileiras nessa campanha foi em ações aéreas e de médicos e enfermeiras.
- Até mesmo o Vaticano não escapou da guerra. Durante o avanço para Roma, bombardeiros aliados atacaram por acidente a Cidade do Vaticano e causaram um leve estrago, mas com algumas vítimas civis.
Bibliografia:
- Beevor, Antony. "A Segunda Guerra Mundial". Ed. Record. Rio de Janeiro, RJ, 2015.
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