Segunda Guerra Mundial - Okinawa
A Batalha de Okinawa
(26 Março - 2 Julho, 1945)
Áreas Vermelhas (Fortalezas Japonesas); Linhas Vermelhas (Defesas Japonesas); Setas Vermelhas (Ofensivas Japonesas); Seta Preta (Rota de Ataque dos Kamikazes); Áreas Vinho (Redutos Japoneses); Área Azul (Frota Aliada); Setas Azuis (Avanço do Exército Americano); Setas Verdes (Avanço dos Fuzileiros Americanos).
Informações Técnicas:
Facções: Aliados (EUA, Inglaterra e Canadá) x Japão.
Forças: Aliados: 541.000 homens, 900 tanques e blindados, 1.000 navios de guerra e 3.000 aviões x Japão: 107.000 homens, 30 tanques, 10 navios de guerra e 6.000 aviões (4.000 sendo kamikazes).
Perdas: Aliados: 75.000 mortos e feridos, 220 tanques destruídos, 26 navios afundados, 386 navios danificados e 763 aviões abatidos x Japão: 100.000 mortos, 7.000 capturados, 27 tanques destruídos (o resto foi abandonado), 7 navios afundados e 1.430 aviões abatidos +150.000 civis mortos.
Local: Okinawa, Ilhas Ryukyu.
Resultado: Decisiva Vitória Aliada; Acesso as ilhas japonesas é aberto; Poderio militar japonês fica bastante enfraquecido; Aliados preparam a Operação Olímpio.
As Batalhas Terrestres:
Fuzileiros americanos atacando uma das colinas fortificadas de Okinawa.
Enquanto a luta por Iwo Jima chegava ao fim em 26 de Março, forças americanas já iniciavam o que seria a última grande campanha anfíbia da guerra. Nesse mesmo dia, tropas americanas desembarcaram e capturaram todas as ilhotas próximas de Okinawa. Resistência japonesa foi leve.
Em 1 de Abril, mais de 100.000 homens desembarcavam na parte central de Okinawa, apoiados por mais de 1.000 navios de guerra e 3.000 aviões (maior do que a invasão da Normandia). Porém, quando os americanos chegaram nas praias designadas, nenhuma resistência japonesa foi confrontada. Ninguém ousou avançar. Durante à noite, nenhum ataque banzai ocorreu. No dia seguinte, os americanos finalmente deixaram as lotadas praias e avançaram para o interior. Em quatro dias, os americanos dominaram toda a região central da ilha e a dividiram em dois. Mas nada dos japoneses. Muitos americanos acreditavam que os japoneses haviam abandonado a ilha e desistido de lutar. Mas, a realidade seria outra em breve.
Os fuzileiros americanos receberam a tarefa de dominar o norte da ilha. Em uma semana, eles avançaram pelas planícies e morros dessa região seca e só encontraram civis assustados. Porém, quando adentraram a Península de Motobu, se depararam com uma tropa japonesa de 1.500 homens entricheirados num grupo de colinas conhecidas como Yae Take. Os fuzileiros demorariam mais de uma semana até eliminar esse grupo inimigo.
Ao mesmo tempo, uma tropa americana invadia a pequena ilha de Ie Shima. Essa ilhota possuía três campos aéreos, uma cidade e um único morro. Enquanto a ilhota era rapidamente controlada, os americanos logo perceberam a armadilha que haviam adentrado. A guarnição japonesa de 2.000 homens estava entricheirada no morro solitário da ilha, apelidado de o "Pináculo". A luta por essa elevação demoraria quase três semanas para ser capturada. No final, a luta de Ie Shima seria um prelúdio do que ocorreria no sul da ilha.
Já o exército americano foi ordenado em capturar todo o sul da ilha. Diferente do norte, o sul era extremamente montanhoso. Vales de mato fechado ou fazendas de arroz cercados por morros e colinas. Um exército japonês inteiro estava escondido nessas elevações e preparado para soltar um poder de fogo devastador (os japoneses utilizaram mais de 3.000 peças de artilharia contra os americanos).
O primeiro contato com os japoneses ocorreu na chamada Linha Machinato. A linha era formada por uma série de bunkers, posições de artilharia, morteiros e atiradores, todos localizados em morros e colinas. Os americanos lançaram dezenas de ataques, apoiados por tanques, mas todos foram rechaçados com imensas perdas em homens e blindados. Os americanos tentaram usar seu poderoso fogo de artilharia, mas o resultado foi nulo. As colinas e morros podiam ser devastadas pela artilharia americana, mas as defesas japonesas se mostraram resistentes diante do poderio americano e saíam quase intactas.
A luta pela Linha Machinato iria do dia 10 de Abril até 27 do mesmo mês. Durante esse período, os japoneses iriam lançar sua primeira ofensiva para tentar empurrar os americanos de volta para a região central da ilha. Mesmo usando metade de sua artilharia como apoio, a ofensiva japonesa foi facilmente detida. Os japoneses perderiam mais de 15.000 homens nessa ofensiva em dois dias. Após esse fracasso, os japoneses abandonaram a Linha Machinato e recuaram para Linha Shuri.
Igual a Linha Machinato, a Linha Shuri era formada por colinas e morros fortemente defendidos pelos japoneses. No epicentro da linha ficava o castelo medieval de Shuri. Novamente os americanos lançaram dezenas de ataques, mas o resultado foi mais mortes e poucos ganhos. Em 7 de Maio, os americanos perderiam a força para continuar o seu avanço e adotariam uma posição mais defensiva.
Foi nesse momento de pausa que os japoneses lançaram sua segunda e última ofensiva. Usando toda a sua artilharia restante, todos os tanques disponíveis e tropas navais para ataques anfíbios na retaguarda americana, os japoneses iniciaram sua grandiosa ofensiva. Durante três dias difíceis, levas de soldados japoneses atacaram sem pausa as linhas americanas. As perdas foram altas para ambos os lados. Porém no fim do dia 9 de Maio, os japoneses interromperam sua ofensiva e recuaram de volta para a Linha Shuri, com exceção de uma tropa isolada na Colina Maeda. As perdas japonesas foram quase 26.000 homens.
Mesmo com essas horrendas perdas, o exército japonês ainda continuava forte e preparado para enfrentar os novos reforços americanos. Na metade de maio, os fuzileiros americanos, vindos do norte, reforçaram a linha americana e resumiram o avanço. Por duas semanas, americanos e japoneses morreriam aos montes pelo o controle das Colinas Maeda, Wana e "Pão de Açúcar". Quando essas colinas caíram em mãos americanas no final de Maio, o castelo Shuri estava exposto.
O ataque contra Shuri deveria ter sido o embate final, mas o resultado não foi o que os americanos queriam. O castelo foi atacado por todos os lados. A guarnição japonesa lutou até o último homem e no fim os americanos controlavam o castelo. Porém, descobririam que mais de 32.000 japoneses conseguiram escapar para uma nova linha, Itoman, localizada no extremo sul da ilha. Após a rápida captura da capital, Naha, os americanos avançaram com tudo contra a Linha Itoman. Paralelo a isso, mais fuzileiros navais americanos desembarcaram na fortificada Península de Oroku e ficariam quase 16 dias lutando contra mais de 10.000 fuzileiros japoneses, que lutariam até a morte.
Os últimos combates se concentraram nas colinas que cercavam a vila de Itoman. De 30 Maio até 22 Junho, americanos e japoneses lutariam de forma selvagem pelo controle desse último reduto. No fim, Itoman ficaria nas mãos dos americanos, mas as perdas seriam horrendas. No dia 24 de Junho, um grupo de paraquedistas japoneses lançou uma ataque surpresa contra um dos campos aéreos capturados no centro da ilha, mas não mudaram em nada a situação da batalha.
Mesmo declarando Okinawa segura no dia 22 de Junho, os americanos ainda enfrentariam dezenas de ataques banzais japoneses em Itoman até o dia 2 de Julho. Após esse dia, a cruel batalha por Okinawa estaria finalizada e o caminho para o Japão finalmente aberto.
Os Ataques Kamikazes:
Exato momento em que um kamikaze japonês atinge um navio americano em Okinawa.
Ao mesmo tempo em que ocorria a carnificina por Okinawa, a imensa frota americana ancorada em Okinawa lutou para sobreviver os enormes e brutais ataques kamikazes. Kamikazes (Vento Divino em japonês) era a última arma secreta que os japoneses tinham para deter o avanço americano para o Japão. Já haviam sido empregados em pequenos números nas Filipinas em 1944, mas agora eram usados aos montes. O objetivo do kamikaze era de danificar ou afundar o maior número possível de navios americanos e enfraquecer seu poder naval. Um kamikaze era um avião bem obsoleto, mas rápido, que em grandes números deveria subjugar o seu adversário com ataques suicidas. Os pilotos escolhidos eram mal treinados ou ainda cadetes.
Os japoneses mobilizaram 6.000 aviões, sendo 4.000 kamikazes, para neutralizar o poder naval americano. Os kamikazes atacavam de forma organizada. Um grupo kamikaze era formado por quase 100 aviões, escoltados por caças mais modernos e pilotados por veteranos. Acompanhando esses kamikazes ainda haviam mais 100 aviões convencionais (bombardeiros de mergulho e torpedeiros) que aproveitavam o caos causado pelos kamikazes para atingir com facilidade os navios inimigos.
Ao longo de toda campanha de Okinawa, os americanos foram atingidos por 11 enormes grupos de kamikazes e aviões convencionais. Mesmo tendo superioridade aérea, os caças americanos sofreram grandes baixas tentando deter essas imensas levas de aviões suicidas. Já no final da campanha, em Junho, os japoneses utilizaram novas formas de kamikazes. Um modelo era o Okha (Estúpido em japonês), um míssel pilotado por um suicida e lançado de um bombardeiro pesado. Mesmo carregando uma bomba poderosa, poucos Okhas atingiram seus alvos. O outro modelo de kamikaze foram lanchas armadas com torpedos que se lançavam nas laterais dos navios inimigos. Mas, nenhuma atingiu seu alvo.
No final da campanha, 1.500 aviões japoneses seriam perdidos durante esses ataques, a maioria seriam kamikazes. Já os americanos perderiam 750 aviões. A frota aliada perderia somente 26 navios, mas quase 400 outros ficariam fora de ação. Foi uma das batalhas aeronavais mais brutais da guerra.
A Operação Ten-Go - O Fim do Yamato:
Exato momento em que o super encouraçado japonês Yamato explode, após ser afundado por aviões americanos.
Enquanto os kamikazes arrasavam a frota americana, o que restava da Marinha Japonesa era reunido para uma última ofensiva naval. Chamada de Ten-Go, o plano da ofensiva era de enviar o super encouraçado Yamato para o norte de Okinawa, encalha-lo numa praia protegida e usar seus enormes canhões de 18 polegados (os maiores e mais poderosos da História) para afundar o maior número possível de navios americanos ancorados na ilha.
No dia 9 de Abril, aproveitando um ataque kamikaze que ocorria em Okinawa, o Yamato, acompanhado pelo cruzador leve Yahagi e mais oito destroieres, deixou a base naval de Kure e partiu para sua missão. Mal havia deixado as águas territoriais do Japão, essa flotilha acabou sendo localizada por aviões de patrulha americanos. Quando a notícia chegou ao alto-comando americano, estes queriam enviar seus poderosos e modernos encouraçados. Porém, por causa dos kamikazes, nenhum encouraçado foi enviado para enfrentar o Yamato. No lugar desses navios de guerra foram enviados mais de 350 aviões para afundar esse gigante naval.
No dia 10 de Abril, ainda na metade da viagem para Okinawa, a flotilha japonesa foi atacada pelos 350 aviões americanos. Após 2 horas de intenso combate, o Yamato finalmente foi destruído por quatro bombas e dois torpedos americanos. Juntamente com o encouraçado, o Yahagi e quatro destroieres também foram afundados. Os americanos perderam somente dez aviões.
Com o Yamato afundado, era o fim dos poderosos encouraçados e o início dos porta-aviões dominarem os oceanos do mundo. A Operação Ten-Go foi último fracasso da Marinha Japonesa. Nunca mais seus navios de guerra deixariam o Japão para outro ataque desse tipo.
Curiosidades:
- Foi durante a batalha de Okinawa, onde os americanos testemunharam a falta de humanidade por parte dos soldados japoneses diante da população local. Os civis de Okinawa eram usados como escudos humanos ou até mesmo amarrados com explosivos para emboscar patrulhas americanas.
- Okinawa ficaria sob ocupação americana até os anos 1970. Porém, ainda há controvérsias, pois uma base aérea ainda é administrada pelos EUA nesse território japonês até hoje.
- Após Okinawa, o alto-comando aliado estava relutante em invadir o Japão após testemunhar os horrores da batalha. Mas tudo mudou com o lançamento das armas nucleares em Hiroshima e Nagasaki, levando ao fim da guerra.
Bibliografia:
- Beevor, Antony. "A Segunda Guerra Mundial". Ed. Record. Rio de Janeiro, RJ, 2015.
Comentários
Postar um comentário