As Batalhas e Guerras Mais Importantes da História - Irã e Iraque
A Guerra Irã-Iraque
(1980-1988)
Artilharia iraquiana bombardeando trincheiras iranianas. A guerra seria um retorno às guerras de trincheiras da Primeira Guerra Mundial.
Informações Técnicas:
Facções: Iraque (com apoio dos EUA, URSS e Reino Unido) x Irã (com apoio da China, Coréia do Norte e Paquistão)
Forças: Iraque: 600.000 homens, 5.000 tanques, 10.000 blindados, 12.000 peças de artilharia, 900 jatos e 1.000 helicópteros x Irã: 1.500.000 homens, 1.500 tanques, 800 blindados, 600 peças de artilharia, 80 jatos e 90 helicópteros.
Perdas: Iraque: 150.000 mortos, feridos e capturados x Irã: 500.000 mortos, feridos e capturados.
Local: Fronteira Irã-Iraque.
Resultado: Empate Tático; Iraque fracassa em capturar a Província do Cuzestão; Irã fracassa em derrubar Saddam Husseim e destruir o poderio militar iraquiano; Iraque se torna a quarta nação militar mais poderosa do mundo.
Seta Vermelha (Invasão Iraquiana); Área Marrom (Limite do Avanço Iraquiano); Setas Pretas (Ataques Iranianos).
O Conflito:
A guerra entre Irã e Iraque foi um conflito envolvendo economia, política e religião. Também seria a guerra mais inútil do século XX. Em 1979, membros radicais dos mulçumanos xiitas derrubaram o líder supremo do Irã, o Xá, numa violenta revolução popular-religiosa. Com a monarquia derrubada, um poderoso governo religioso, comandado pelo fanático Ruhollah Khomeini, assumiu o comando da antiga Pérsia e a rebatizou como Irã. Ao mesmo tempo, o Iraque era dominado pelo Partido Baath, um grupo paramilitar fanático de mulçumanos sunitas, que queria a aniquilação total dos xiitas. Seu líder era Saddam Hussein, que prometeu destruir o recém-criado governo iraniano.
Militarmente, o Iraque era a nação árabe mais poderosa do Oriente Médio e tinha o maior exército da região. Já o Irã, possuía um grande exército moderno, mas faltavam oficiais que fossem leais ao atual governo. O motivo inicial do conflito era o controle do Rio Shatt al Arab, que passa entre as duas nações e que adentra no importantíssimo Golfo Pérsico. O Irã foi o que provocou o início do conflito. Em 1980, Saddam Hussein foi alvo de uma tentativa de assassinato, que acabou fracassando. Ao mesmo tempo, terroristas apoiados pelo Irã atacaram a embaixada iraquiana em Roma. Como retaliação, um enorme exército iraquiano invadiu e conquistou em poucos dias a província iraniana do Cuzestão. Numa tática estilo "guerra-relâmpago", o Iraque obteve superioridades aérea e naval no Golfo Pérsico e causou grandes estragos no exército iraniano.
Usando a invasão iraquiana para unificar de vez os iranianos, Khomeini, pediu por "voluntários" que se unissem ao exército iraniano para libertar o Cuzestão e destruir os "infiéis" que seguiam Saddam Hussein. Inspirados pela convocação do líder religioso, milhares de jovens iranianos se sacrificaram em imensas "ondas" humanas para abrir caminho pelos campos minados iraquianos para que o exército iraniano libertasse o Cuzestão. Mesmo sofrendo horrendas perdas civis, os iranianos conseguiram expulsar os iraquianos e libertar o Cuzestão em 1982.
Aproveitando a guerra com o Irã, ainda em 1982, caças israelenses atacaram e destruíram o reator nuclear de Osirak, impedindo que os iraquianos desenvolvessem armas nucleares. De 1983-1986, o Iraque adotaria uma posição totalmente defensiva e resistiria a dezenas de imensas ofensivas iranianas, similares as ofensivas européias da Primeira Guerra Mundial. A horrível guerra de trincheiras havia retornado. Ambos os lados usariam armas proibidas pela ONU como: lança-chamas, gases tóxicos e bombas de fragmentação. Em 1987, os iraquianos finalmente voltariam para a ofensiva após invadirem pela segunda vez o Cuzestão. Porém, ambos os lados estavam exaustos e sem condições de continuar com o conflito.
Em agosto de 1988, um cessar-fogo seria assinado e a guerra chegaria ao fim após 8 anos de matança desproporcional. Em Junho de 1989, Khomeini acabaria morrendo, Saddam aproveitaria para pressionar o governo iraniano e este sederia algumas ilhas no Golfo Pérsico para o Iraque. Nesse mesmo ano, o Iraque se tornaria o quarto exército mais poderoso e numeroso do mundo. Mas, em breve seria totalmente destruído num conflito envolvendo os EUA.
Curiosidades:
- Como falado antes, a Guerra Irã-Iraque trouxe de volta táticas militares usadas durante a Primeira Guerra Mundial: ataques de infantaria em massa contra trincheiras fortificadas; lança-chamas contra abrigos fortificados; armas químicas e ataques aéreos contra alvos civis na retaguarda.
- Foi também durante a guerra onde ocorreu a chamada "Guerra dos Cargueiros": jatos e navios iraquianos e iranianos afundavam cargueiros estrangeiros que estivessem indo para portos inimigos no Golfo Pérsico. Houve uma forte resposta militar americana que resultou num incidente naval entre americanos e iranianos.
- Também ocorreu no meio do conflito a chamada "Guerra das Cidades", quando mísseis iraquianos bombardearam Teerã, capital do Irã. Como retaliação, o Irã iria bombardear Bagdá, capital do Iraque. O resultado seria um imenso número de civis mortos.
Bibliografia:
- Willard Crompton, Samuel. "100 Guerras que mudaram a História do Mundo". Ed. Prestígio, Rio de Janeiro, RJ, 2002.
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